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Sequência didática: oficinas para professores

Memórias e leituras literárias compartilhadas: oficinas para professores

Sequência didática para as oficinas entregue para a Secretaria Municipal de Educação e Esporte de Goiânia (SME)


Uma sequência didática é um conjunto de oficinas e de atividades escolares sobre um gênero textual, organizada de modo a facilitar a progressão na aprendizagem da leitura e escrita. Elaborada inicialmente pela equipe de didática das línguas da Universidade de Genebra, foi adaptada para que pudéssemos nesta proposta desenvolver atividades para trabalhar com o gênero memórias e com as memórias de leituras literárias dos professores participantes. O trabalho com as lembranças é um meio estratégico de vincular o ambiente em que os professores vivem a um passado mais amplo e alcançar uma percepção viva deste passado, o qual passa a ser não somente conhecido, mas sentido pessoalmente. Trata-se, antes, de resgatar memórias de leituras literárias desses professores que, passadas continuamente aos seus alunos pelas palavras, pelos gestos, leituras, pelo sentimento de comunidade e de destino, ligam professores e alunos em suas relações cotidianas em sala de aula.

Recuperar essas memórias servirá de estímulo para professores e alunos numa tentativa de melhorar a relação de parceria entre ambos. Permite mostrar o valor de pessoas que vêm da maioria desconhecida do povo, traz a história para dentro da comunidade ao mesmo tempo que extrai história de dentro dela, propicia o contato entre gerações e pode gerar um sentimento de pertencer ao lugar onde se vive, contribuindo para a formação de seres humanos mais completos e para a constituição da cidadania. Levar os professores e estes, consequentemente, levar seus alunos a serem narradores de suas memórias literárias é fazê-los desenvolver, sobretudo, a habilidade de narrar, pois narrar memórias é uma habilidade que se aprende.

Depois de compartilhar as memórias de leituras literárias com seus alunos, professores e alunos, então, poderão reconstruir/recriar essas memórias, sem precisar fazer uma transcrição exata da realidade, pois o ato de narrar, acredito, é sempre uma criação e uma recriação do mundo que conhecemos.

Segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, memória é “aquilo que ocorre ao espírito como resultado de experiências já vividas; lembranças, reminiscência”. E memórias: “relato que alguém faz, muitas vezes na forma de obra literária, a partir de acontecimentos históricos dos quais participou ou foi testemunha, ou que estão fundamentados em sua vida particular”.

É possível “tomar gosto” pela leitura e pela escrita quando nos debruçamos no processo de ler e entender o outro, suas recordações, as relações semânticas entre memórias, lembranças, reminiscências entre outros, que muito poderão nos ajudar a elucidar sobre tudo aquilo que entra em jogo no processo de leitura e escrita das memórias no âmbito escolar, oportunizando ao aluno a possibilidade de ser autor.

Minha proposta é a de oferecer 05 (cinco) oficinas de formação para professores de qualquer área (preferencialmente da Pedagogia e da Língua Portuguesa) da Rede Municipal de Ensino. É possível ter um máximo de 20 professores participantes das oficinas, é importante que este mesmo grupo participe das cinco oficinas que são sequenciais.

O que necessito da Secretaria Municipal de Educação e Esporte de Goiânia (SME) caso essas oficinas sejam aprovadas e aceitas:

a) A disponibilização de um local / sala para a realização das oficinas;

b) Acreditamos que seja importante também que a Secretaria de Educação do Município e/ou do Estado ofereça um certificado de 40 horas para os profissionais que participem dessa formação.

Roteiros para os encontros:

1º encontro:

OBS. Professores, tragam para esse primeiro encontro um objeto de memória (fotografia, bibelô, livro etc.), qualquer objeto que te remeta à infância ou a alguém importante na sua infância. Alguém que mediou suas leituras escritas e orais, seu imaginário literário e afetivo.

Proposta / objetivos: Realizar uma roda de conversa sobre as memórias de leituras literárias na infância (preferencialmente antes da escola ou fora da escola), o tempo estimado é de 1 hora, podendo se estender à medida que as lembranças se façam presentes por meio dos discursos dos outros. Cada professor poderá apresentar os “objetos de memória” trazidos para o encontro.

1) Memórias de leituras literárias na infância.

2) Afetividades literárias (memória sensorial e memória afetiva)

3) Mediadores literários (em casa, outros lugares de memória)

Tempo: 4 horas

Materiais utilizados:

Mesas, cadeiras, papel, lápis / caneta, cópias de textos para leitura, reflexão e discussão.

Textos utilizados:

1. Em outros livros – André Lúcio Bento

2. Ouvir histórias fez-me leitora – Rita de Cassi Pereira dos Santos

3. Livro, eu te lendo – Lygia Bojunga Nunes

2º encontro:

Proposta / objetivos: Convidar os participantes a voltar ao tempo de escola e relembrar uma experiência interessante que tiveram com a leitura literária. Animá-los a pensar nas várias situações que envolveram esse momento significativo: quem era o professor? Como ele interagia com os alunos (elogiava, ajudava, se sentava junto, ou mantinha-se distante). Quais leituras literárias eram mais frequentes?

1) Você tem livros em casa e outros materiais de leitura? Quais?

2) Você lia na adolescência? O que você gostava de ler e por quê?

3) As leituras literárias apresentadas na escola te interessavam ou você lia por “obrigação”?

4) De que maneira as práticas relembradas contribuíram para o desenvolvimento de mais leituras e da escrita?

Tempo: 3 horas

Materiais utilizados:

Mesas, cadeiras, papel, lápis / caneta, cópias de textos para leitura, reflexão e discussão.

Textos utilizados:

1. Viver para contar – Gabriel García Márques (trecho do texto)

2. A última página – Albeto Manguel

3º encontro:

Proposta / objetivos: relembrar as leituras literárias feitas durante o ensino superior (havia tais leituras?)

1) Durante o curso superior, você fazia leituras para além das oferecidas e apresentadas? Quais eram?

2) Pensando honestamente, você se lembra mais das leituras livres ou das obrigatórias? Você sabe responder o porquê?

Nesta fase, os professores já terão produzido previamente suas primeiras impressões memorialísticas, pois já foram colocados em situação de produção ao compartilhar das memórias dos outros professores durante as rodas de conversa. Assim, o próximo passo será prepará-los para fazer a reescrita destas impressões, ao registrar os seus relatos de memórias de leituras. A escrita do texto deve ser em primeira pessoa. Assim, o texto vai trazer um olhar particular sobre aquilo que viu e viveu. Além de revelar fatos, vai revelar também sentimentos, impressões e sensações.

Tempo: 3 horas

Materiais utilizados:

Mesas, cadeiras, papel, lápis / caneta, cópias de textos para leitura, reflexão e discussão.

Textos utilizados:

1. No reino das palavras: estórias, histórias e poesia – Maria da Glória Lima Barbosa

2. Desvendando a longa estrada do letramento – Maria José Santos de Carvalho

4º encontro:

Proposta / objetivos: cada professor fará uma autoavaliação de sua história de leitura e apresentará aos demais colegas. O importante é que, além de trocar as experiências, os participantes percebam que existe uma concepção de ensino aprendizagem por trás de toda prática de sala de aula. Incentivá-los a identificar quais eram as concepções de leitura literária que estavam por trás dos procedimentos metodológicos adotados nas experiências lembradas e a compará-las com as práticas atuais. Ao final da discussão, organizar uma síntese conjunta das principais conclusões.

1) Que avaliação você faz de sua história de leitura? Você se considera um(a) leitor(a)? Por quê?

2) Atualmente quais são suas leituras? Por que você lê?

3) Sobre suas memórias de leitura e o seu processo de escolha para se tornar professor(a), o que você se lembra?

4) Você acredita que a memória e a afetividade podem influenciar e inspirar no processo de leitura em seu trabalho em sala de aula?

6) Você apresenta propostas de leituras literárias em sala de aula? Como você apresenta a literatura de suas memórias em sala de aula?

Tempo: 4 horas

Materiais utilizados:

Mesas, cadeiras, papel, lápis / caneta, cópias de textos para leitura, reflexão e discussão.

5º encontro

Proposta / objetivos:

Um aspecto importante do gênero memorialístico é que os autores se preocupam em caracterizar lugares e pessoas consideradas importantes nas experiências vividas no passado. Eles também comparam o tempo antigo com o atual, destacando, muitas vezes as diferenças.

Para desenvolver nos participantes a capacidade de compreensão e reflexão sobre os sentidos dos textos apresentados até aqui, será de grande importância uma releitura explicando aos alunos que existem alguns recursos, algumas formas de dizer que tornam singulares os fatos escolhidos por alguns autores. Desta forma, levar os alunos a perceber os efeitos de sentido criados pelos aspectos linguísticos particulares dos textos e que os autores recorrem a diferentes recursos: utilizam figuras de linguagem, empregam expressões características de determinados locais ou regiões e podem também fazer uso de expressões típicas da oralidade informal dependendo do contexto.

Preparando a turma para a atividade com a escrita: ler e analisar textos de memórias literárias; identificar e aprender a usar marcas linguísticas próprias dos textos de memórias; aprimorar o texto; preparar os textos que farão parte da coletânea organizada pelos professores; discutir estratégias para publicação da coletânea na comunidade, no blog de memórias literárias de professores e nas redes sociais.

Tempo: 4 horas

Materiais utilizados:

Mesas, cadeiras, papel, lápis / caneta, cópias de textos para leitura, reflexão e discussão.

Textos utilizados:

1. Memórias literárias – Joyci Viegas

2. Memórias – Danúbia Jorge da Silva

3. Quem lê pra mim, me lê? – Nadja Karoliny Lucas de Jesus Almeida

4. Memória de Leitura – Aline Gomes Machado

5. Memórias literárias e agregadas – Ana Maria Siqueira Silva

6. Memórias literárias formativas – Sandra Almeida Ferreira Camargo

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